SALVADOR
"Não mereço ser
estuprada": manifestantes fazem protesto no Campo Grande
O protesto aconteceu
um dia após Ipea divulgar nota reconhecendo que houve erro na divulgação de
pesquisa
Um grupo de cerca de
60 mulheres fez um protesto na tarde deste sábado (5) no Campo Grande contra o
abuso sexual e estupros, como parte do movimento "Não mereço ser
estuprada". A manifestação foi organizada pela Marcha das Vadias e pelo
Grupo de Lésbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia.
As manifestantes
saíram do Campo Grande, caminharam até a Piedade e voltaram para a praça do
Campo Grande. Alguns homens também participaram
da manifestação.
O protesto aconteceu
um dia depois que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do governo
federal, divulgar nota reconhecendo que houve erro na divulgação que chocou o
país ao dizer que a maioria dos brasileiros (65,1%) apoia ataques a mulheres
que usam roupa curta. Segundo o Ipea, por uma troca nos gráficos da pesquisa
divulgada, o resultado divulgado está errado.
Manifestantes
fizeram protesto neste sábado (Foto: Mauro Akin Nassor)
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Os percentuais
corretos são: 26% concordam, total ou parcialmente, com a afirmação “mulheres
que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas"; e 70% discordam
total ou parcialmente. Outros 3,4% se dizem neutros. O diretor da área social
do Ipea pediu a sua exoneração assim que o erro foi detectado.
A pesquisa, com os
dados errados, gerou enorme repercussão e uma campanha em redes sociais com o
lema #eunãomereçoserestuprada. A onda de indignação teve apoio até da
presidente Dilma Rousseff (PT).
Manifestantes
exibiram cartazes em protesto (Foto: Mauro Akin Nassor)
A pesquisa
gerou uma grande campanha sob o nome “#nãomereçoserestuprada e provocou uma
resposta da presidente Dilma. A presidente solidarizou-se com a jornalista Nana
Queiroz, que foi ameaçada na internet após iniciar a campanha nas redes sociais
contra a violência contra a mulher.
“A jornalista Nana
Queiroz se indignou com os dados da pesquisa do Ipea sobre o machismo na nossa
sociedade. Por ter se manifestado nas redes contra a cultura de violência
contra a mulher, a jornalista foi ameaçada de estupro. Nana Queiroz merece toda
a minha solidariedade e respeito”, escreveu Dilma em sua conta pessoal no
Twitter. Nana Queiroz postou uma mensagem no Facebook na sexta-feira (28) com
uma foto em frente ao Congresso Nacional, em que aparece sem camiseta e com a
frase “Não mereço ser estuprada” escrita no corpo, convocando o protesto
virtual. Várias mulheres publicaram fotos semelhantes, demonstrando indignação
com a pesquisa.
Após a publicação, a
jornalista foi ameaçada por internautas. “Amanheci de uma noite conturbada.
Acreditei na pesquisa do Ipea e experimentei na pele sua fúria. Homens me
escreveram ameaçando me estuprar se me encontrassem na rua, mulheres escreveram
desejando que eu fosse estuprada”, relatou Nana em sua página na rede social.
Famosas como Valesca
Popozuda, Daniela Mercury, Nana Gouvêa, Geisy Arruda, Claudia Leitte e Juliana
Paes aderiram à campanha.