sábado, 5 de abril de 2014

SALVADOR: "Não mereço ser estuprada": manifestantes fazem protesto no Campo Grande

SALVADOR
"Não mereço ser estuprada": manifestantes fazem protesto no Campo Grande

O protesto aconteceu um dia após Ipea divulgar nota reconhecendo que houve erro na divulgação de pesquisa
Redação (redacao@correio24horas.com.br)


Um grupo de cerca de 60 mulheres fez um protesto na tarde deste sábado (5) no Campo Grande contra o abuso sexual e estupros, como parte do movimento "Não mereço ser estuprada". A manifestação foi organizada pela Marcha das Vadias e pelo Grupo de Lésbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia.

As manifestantes saíram do Campo Grande, caminharam até a Piedade e voltaram para a praça do Campo Grande.  Alguns homens também participaram da manifestação.

O protesto aconteceu um dia depois que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do governo federal, divulgar nota reconhecendo que houve erro na divulgação que chocou o país ao dizer que a maioria dos brasileiros (65,1%) apoia ataques a mulheres que usam roupa curta. Segundo o Ipea, por uma troca nos gráficos da pesquisa divulgada, o resultado divulgado está errado.

Mesmo com a correção, manifestantes acreditam que o dado ainda é alarmante e que o machismo é uma realidade no país. Eles levavam cartazes e gritavam palavras de ordem.

Manifestantes fizeram protesto neste sábado (Foto: Mauro Akin Nassor)

Os percentuais corretos são: 26% concordam, total ou parcialmente, com a afirmação “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas"; e 70% discordam total ou parcialmente. Outros 3,4% se dizem neutros. O diretor da área social do Ipea pediu a sua exoneração assim que o erro foi detectado.

A pesquisa, com os dados errados, gerou enorme repercussão e uma campanha em redes sociais com o lema #eunãomereçoserestuprada. A onda de indignação teve apoio até da presidente Dilma Rousseff (PT).
 
                        Manifestantes exibiram cartazes em protesto (Foto: Mauro Akin Nassor)

 A pesquisa gerou uma grande campanha sob o nome “#nãomereçoserestuprada e provocou uma resposta da presidente Dilma. A presidente solidarizou-se com a jornalista Nana Queiroz, que foi ameaçada na internet após iniciar a campanha nas redes sociais contra a violência contra a mulher.

“A jornalista Nana Queiroz se indignou com os dados da pesquisa do Ipea sobre o machismo na nossa sociedade. Por ter se manifestado nas redes contra a cultura de violência contra a mulher, a jornalista foi ameaçada de estupro. Nana Queiroz merece toda a minha solidariedade e respeito”, escreveu Dilma em sua conta pessoal no Twitter. Nana Queiroz postou uma mensagem no Facebook na sexta-feira (28) com uma foto em frente ao Congresso Nacional, em que aparece sem camiseta e com a frase “Não mereço ser estuprada” escrita no corpo, convocando o protesto virtual. Várias mulheres publicaram fotos semelhantes, demonstrando indignação com a pesquisa.

Após a publicação, a jornalista foi ameaçada por internautas. “Amanheci de uma noite conturbada. Acreditei na pesquisa do Ipea e experimentei na pele sua fúria. Homens me escreveram ameaçando me estuprar se me encontrassem na rua, mulheres escreveram desejando que eu fosse estuprada”, relatou Nana em sua página na rede social.

Famosas como Valesca Popozuda, Daniela Mercury, Nana Gouvêa, Geisy Arruda, Claudia Leitte e Juliana Paes aderiram à campanha.

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